A linha
Da linha
Da vida
Por vezes
Vezes tantas
Dá o nó
Nó cego
Que corta
Quebra
Distancia
Faz sentir
Dor no ego
Só
Com dó
E diferente
Sente
Quem já não vê
Não sente
Igual
Ao que era
Antes
Sem enlaces
Os laços
Fogem
Desaparecem
Nada é igual
E tudo
Crê
Tudo
Vira nada
Ninguém

Fatima Ribeiro
Fotografia Google

A mãe
Pois
A mãe
Não dorme
Entra no sonho
Quando prenha
Fica
No parir
Desperta
Num sentir
Um amor
Imenso
Pela cria
Que queria
Ver feliz
Sempre
Não adia
No cuidar
Dia a dia
De alguém
Por quem
Sua vida
Dá
E daria
Se pudesse
Se preciso fosse
A mãe
Não dorme
Na ânsia
No preocupar
Com a dor
Ao seu rebento
A vida
Quer adoçar
Queria poder
Ter talento
Para adivinhar
O futuro
Que estrada
O vai levar
E nunca ver
Quem mais ama
No vazio
No escuro
Viver
A mãe
Pois
A mãe não dorme
Só descansa
Um momento

Fatima Ribeiro
Fotografia Google

Um bocado
Mais um bocado
Mais um dia
Cheio de bocados
De momentos
Bocados
De preguiça
Bocados
No labor
Um bocado
No sorrir
Mais um
No saborear
Um bocado
Na lagrimar
Um bocado
Na letra
Outro
No silêncio
E mais outro
Na treta
Um bocado
No ir
Ou no vir
Um bocado
No ouvir
Ou no dizer
Um bom bocado
No amar
Um bocado bom
No abraçar
Um bocado
A descansar
E mais um dia
A passar

Fatima Ribeiro
Fotografia Google

Quem sou eu
Espelho
Espelho meu
Eu sei
Não mentes
Com verdade
Dizes
Não negas
Em ti
Vejo
Sim ainda
Vejo refletida
A imagem
Do que
Hoje sou
O cabelo
Branqueou
Fios
Muitos fios
De prata
Brilham
Dão brilho
Aos sombrios
Alguns
Dias
Vejo a pele
A minha pele
A engelhar
As rugas
A aumentar
E outras tantas
Mudanças
De que eu
Não vou
Nem quero
Falar
Mas estou cá
Vivo
Sonho
Quero
Espelho
Espelho meu
Não enganas
Eu sei
Sei bem
Muito bem
Quem sou eu

Fatima Ribeiro
Fotografia Google