Vôo vôo
Sou pomba branca
De alma negra
É o meu vôo
Errante
Já nada nega
Saí do ninho
E sem ninho
Sem aconchego
Sem poiso
Fiquei
Vôo vôo
Sou pomba branca
De coração
Vazio
Com penas
Cheio de frio
Vou
Vou apenas
Sem olhar
Sem deixar
Que me prendam
Ao chão
Vôo vôo
Sou pomba branca
Deixo pra trás
O que não
Já não importa
Fecho
Do passado
A porta
Sinto no rosto
O vento
Suave brisa
Desfruto
O bom
Do momento
Vôo vôo
Sou pomba branca
Sou livre
Não tentes
Não queiras
Tu
Me prender

Fatima Ribeiro
Fotografia Google

Quando morrer
Não quero flores
Nem lágrimas
Nem louvores
De amigos falsos
De falsos amores
Quero sorrisos
De gente
Gente verdade
Que na vida
Me dá amor
Me dá amizade
Quando morrer
Quero ser poeira
Espalhada
Pelo ar
Sem eira
Nem beira
Flutuar
No mar
Livre
Leve
Quiçá a adubar
Um jardim
Cheio de flores
Para quem
Por cá
Ainda ficar
Poder contemplar
Quando morrer
Não quero flores
Já não as vejo
Nem o seu aroma
Posso cheirar
Quando morrer
Quero é ir na paz
Nas terras
Onde nasci
Ou numa outra
Para mim
Tanto faz

Fatima Ribeiro
Fotografia Google

Sim sobre
Quem somos
Tu e eu
Na diferença
No que fomos
Do que agora
É diferente
Olho
Miro.me
Ao espelho
O que vejo
Refletido
Já não é
O mesmo
Tão diferente
No sentir
No ser
No crer
Até no sorrir
Sim
Não vejo
A que era
Já não sei
Qual de nós
Sou
Longe
Distante
Da Primavera
No estio
Duma vida
Que a lembrança
À pele traz
O arrepio
Sim
Já não sei
Já não me sinto
Ser quem era
Qual serei
Serei esta
Ou
Serei aquela?

Fatima Ribeiro
Fotografia Google

Cai a chuva
A chuva que caia
Vou eu de saia
De cambraia
Grito
Canto
Não fico muda
Aqui não fico
De chapéu
Vou
Vou
E vou
Que foi
Oh meu
Porquê o espanto
Na dor que moi
Já nada
Nada dói
Em frente
Subindo
Descendo
Na curva
Em contra curva
Reta
Vou indo
Direta
A sorrir
Mas séria
No louco
Da miséria
Que a vida
A louca vida
Tem
Não
Já não espero
Quem não vem
Oh céus
Não
Não me esperes
Tu também
Adeus

Fatima Ribeiro
Fotografia Google