À vida
Peço
E peço-te
A ti
Não deixes
Que passe
O tempo
Enquanto
Te tenho aqui
E de mim
Te sinto
Mesmo
Sabendo
Que ninguém
É de ninguém
Que pare
Possa parar
Cada ponteiro
De cada relógio
Será
Que tu
Tu também
De perto
Não queres
Saír
P'ra longe
Fugir
Deste mimar
Do enlace
Do meu
Do teu
Abraçar
Do doce
Sabor
Do beijo
Docinho
Que nos leva
À vontade
Ao desejo
De mais
E mais
Um miminho
À vida
Peço
E peço.te
A ti
Agarra
Segura.me
Quero
Espero
Que não
Me deixes
Sair daqui

Fatima Ribeiro
Fotografia Google

Neste mundo
Mundo bom
Selvagem
Vivo
No supor
Sigo viagem
Olho o
Passarinho
Mas não
Não é
Pr'ó
Retrato
Vôo
Como ele
A fugir
Do caçador
Nado
Como o prego
Mas não
Não vivo
À pato
Corro
Tipo gazela
Elegante
Ui ui
Como ela
No miar
E no ron ron
Galante
Sou quase
Quase gato
Salto
Tipo macaco
De galho
Em galho
Se algum
Animal
Incomoda
Mando
Do meu
Ramo sair
Que vá
Para o carvalho
Vou tecendo
A minha teia
Como aranha
Sou abelha
Faço o mel
Na colmeia
Por vezes
Sou cão
Solitário
Outras
Lobo
De alcateia
Quiçá
Sou borboleta
Silenciosa
De pouca treta
Por vezes
Viro fera
De garra
Afiada
E juba
Assanhada
Neste mundo
Mundo selvagem
Ser bom
É perder a viagem

Fatima Ribeiro
Fotografia Google

Tem dias
Que a alegria
Não acorda
O sorriso
Fica na noite
Passada
No sonho
Que do sonhar
Não trouxe
Nada
Dias
De quarto escuro
Mesmo
Sem asneira
No castigo
Do viver
Ou sobreviver
Na espera
É o que se quer
Que o amanhã
Seja à maneira
Quiçá
Venha primavera
Que possa
O dia florir
Colorir
Tem dias
Pra mim
Pra ti
Pra qualquer um
Ou um qualquer
Que não
Não é fácil
Sorrir

Fatima Ribeiro
Fotografia Google

Quem viveu pregado a um só chão não sabe sonhar com outros lugares.

Mia Couto

O mar
Meu
O mar
De todos nós
O mar
Que tira
A lágrima da voz
O mar
Que tem som
De paz
No seu ondear
Tão bem faz
O mar
De imensidão
De tempestade
Emoção
O mar
De navegar
De partir
De chegar
O mar
De simplesmente
Sentir
De intensamente
Amar

Fatima Ribeiro

O espelho
Está
Embaciado
Baço
Sem reflexo
Nada
Quase nada
Dá para ver
Tu
Os teus olhos
Lindos
Rasos de água
Vêm nele
Somente
A mágoa
Do dia
Complexo
Acabado
Perdido
De escuridão
Noite
Feita
Sem luar
Sem brilho
Nem estrelas
Fecha os olhos
Talvez o sono
Chegue
Quem sabe
O sonho
Te leve
E amanhã
A sonhar
Possas voltar

Fatima Ribeiro
Fotografia Google

Atrais.me
No mistério
Que há em ti
Falas
Falas
E nada dizes
Do que
Quero saber
Segredos
Bem guardados
Quiçá
Medos
De voltar
À dor
De negros
Passados
Dás.me a mão
Fixas em mim
O olhar
Mas não
Não sei
Nada posso
Decifrar
Apenas
Um desejo
Aumenta
O de te abraçar
E ter um beijo
Doce pimenta
Huuummm...
A sério?
Nada dizes
E sem mentir
Te digo
Atrais.me
Pelo mistério
E curiosa
Me fazes sentir

Fatima Ribeiro
Fotografia Google

Nada é meu
Nada é teu
Nada é nosso
Nem o tempo
Que pensámos
Ser de nós
Que em contra relógio
Vivemos
Nem as coisas
Simples ou não
Que achamos
Possuir
Nada é nosso
Nem os filhos
Que foram
Paridos
De nós nascidos
Sim
Nada
Mesmo nada
Apenas
Vivemos
Fazemos
Um caminho
Até ao fim
Até já não
Haver mais
Estrada

Fátima Ribeiro
Fotografia Google